segunda-feira, 23 de abril de 2007

O dinamismo vivido no espaço da Casa na sexta-feira 13 de inauguração foi surpreendente. Contando com o excesso de acontecimentos marcados para esse dia em outros cidades (Lisboa e Porto), a Casa esteve cheia. Com um público novo, de todas as idades e muito interessado.

Sexta-feira ao jantar trouxeram-me nabos de um quintal ainda cheios de terra, alheiras, muito vinho, bombocas, arroz, massa, atum e bolos variados. As panelas eram emprestadas, tal como tudo o que eu estava a usar, salvo as tigelas que se compraram à pressa. À última da hora ainda se desenrascou uma “concha” da sopa numa casa vizinha que iria ser precisa para a sopa. O jantar foi servido a tempo e quem estava para jantar aceitou as condições da multa como um jogo (em troca da refeição, alimentos ou serviços de limpeza e manutenção). Não conhecia mais de metade dos “clientes” o que me deixou muito contente. Estava a funcionar fora do circuito dos amigos habituados a “cenas” semelhantes! O ritual de lavagens da louça no bidé também não foi uma chatice tão grande quanto suspeitei ao inicio. Correu bem toda a parte da cozinha menos a sobremesa pela qual já me desculpei. Os dois cozinheiros (eu e o Mauro Seco – os Come Gomas) trabalharam bem em grupo e receberam muitos elogios!

A rádio Phonix que acompanhou todo o jantar e que se prolongou até ao início dos concertos, surpreendeu-me. A dada altura alguém comentou que a rádio não estava bem sintonizada. Parecia muito real e as introduções do radiofonista (Luís Eustáquio) eram credíveis. A selecção musical estava de acordo com a Casa.


Mais tarde o concerto de “Os meteoritos” (Calhau). Não consegui assistir, nem tive oportunidade de experimentar os headphones (única maneira de aceder à música). Contaram-me que foi um grande concerto. Não me surpreende, eles são realmente muito bons, quer pela música, quer pelo lado visual dos concertos. Já lhes pedi que me oferecessem uma t-shirt, desenhada por eles, a dizer que eles são uma grande referencia para mim. Quero usá-la num concerto!
Durante os “Os meteoritos” eu já estava no espaço dos concertos para começar mais uma divagação dos Flanela de tal. Estávamos os dois na preparação da indumentária metidos lá dentro com as cortinas fechadas com medo de nos intimidarmos com o público. Por um desencontro de informação e pela ansiedade que sentíamos, começamos antes do final do outro concerto anterior (peço novamente desculpa pelo incidente! Sorry Marta!). Mais um concerto e tentarei ser mais profissional e cantar música com mais de 2 minutos. O guitarrista (Mauro Cerqueira) esteve muito bem a “suportar” a vocalista e vice versa. Os vídeos serão disponibilizados em breve online.



Desde o início que eu sabia que a Casa só o ia ser uma Casa a sério com a circulação e a vivência de tanta gente a entupir os corredores, a fazer fila para a casa de banho e a interagir com tudo. E isso sentiu-se muito nos concertos!



A Casa tinha uma parede em cartão falso para dividir a sala de projecção da sala de workshops. A superfície foi pintada de preto para que no Sábado, durante cada actividade, fosse usada como suporte de escrita tal como uma quadro negro das escolas. Ainda na sexta à noite, em frente a essa parede pequenos grupos se juntaram para desenhar. De manhã encontrei tudo desenhado. Foi lindo. Sábado os desenhos estavam espalhados pelo chão.




No Sábado 14 o almoço, “Quem dá o que tem, a mais não é obrigado!”, foi comer torradas com manteiga quentes e sopa aquecida. A Hora Morta (promovida pelo André Sousa) passei-a andar no carro que fiz com uma tábua e uns rolamentos que parece um skate, cá fora no pátio. O carro fazia parte do cenário da Flanela e tinha-o usado na noite anterior. Quando o André ligou era isso mesmo que eu estava fazer naquele tempo pós almoço. Pouco depois deixei-me estar ao sol a organizar a ementa para a noite em conjunto com o Mr Wacky. O ensaio da Kim Ferno não foi possível acontecer como planeado, a Kim estava sem forças para se preparar para outra aventura e não foi desta que se conheceu o género Babymetal.


Passamos para a “A ferro quente” na companhia da rádio Phónix! A tarde foi bastante animada com os dois cozinheiros a prepararem os toppings para a sobremesa, litros de gelados, a Lígia (Paz) a dar a ferro com uma indumentária a rigor (Estado Novo) e a música escaldante do radiofonista. A cada panela quente que saía (compota de limão, de morango e chocolate) convergiam todos para provar. À hora de jantar chegaram muitos amigos que ocuparam a pequena cantina. Igualmente agradável a companhia dos amigos como na noite anterior a de tantos estranhos. A comida estava bastante boa e serviu-se a quantidade certa sem deixar restos (muito importante para a economia da Casa).

A surpresa deste segundo dia foi a mobilidade. A circulação foi mais livre que no dia anterior. A cozinha foi usada até tarde e já pouco dependia de mim. Era uma casa com vida própria. Os djs começaram (Dj Bitch e Dj Youtube) com força e ainda se dançou no pátio, mesmo em frente à parede do graffiti, ao ritmo da Dj Bitch (Lígia Paz) que teve mais sorte com a sua escolha e organização da sequência musical. O Dj Youtube (Marco Mendes) surpreendeu, mas a web estava demasiado lenta para ser bem sucedido nas passagens.


Exausta e muito satisfeita com a Casa, senti que devia-me afastar por uns minuto. Sai para a rua e senti que a casa já não era tão minha quanto no início. Chegada a esta conclusão percebi que este tinha sido o reconhecimento do seu êxito. Podia sair dali descansada sabendo que aquela animação se manteria por muito mais tempo. O que eu fiz foi só o arranque.

No pátio estava escrito nas paredes duas frases, uma roubada das ruas do Porto e outra das Mujeres Creando da Bolívia, “não faças do teu pensamento blocos de cimento” e “ a nossa vingança é sermos felizes”. Estas frases vão ser apagadas possivelmente esta noite, mas permaneceram em todos nós por nos lembrarem de coisas importantes!

(continua em breve!)

A EXPERIÊNCIA DO SIMULACRO



1. Embora este não seja o assunto principal
Em diferentes ocasiões expressei a minha posição para com o universo da web e, em particular, para com a utilização dos blogs como meios de veiculação de conhecimento, de transmissão de informação, de comentário e discussão pública. A pretexto de um comentário aqui postado, gostaria mais uma vez de confirmar o que penso sobre o assunto. Embora não seja esta a questão que me levou a sentar-me por uns instantes a escrever, é um assunto recorrente que, meia volta, cria alguns equívocos à cerca do que é ou não próprio do meio e o que pretendemos fazer com ele. A web permite-me entrar num circuito de informação alternativa. Não será, por questões de policiamento inerente ao sistema que gere este meio, informação absolutamente livre, ou pelo menos tão livre quanto desejaríamos, mas é uma excelente alternativa aos principais meios de comunicação. Sempre tive um gosto muito forte por fanzines (refiro-me a este outro meio com muito e saudoso respeito) e revejo-me nos blogs por conseguir através deles uma compensação próxima à das publicações impressas que eram (ainda que com muita dificuldade) distribuídas e postas em circulação. Tal como nos fanzines os temas dos blogs são diversos e para mim passear-me pela web / blogosfera é como percorrer uma imensa enciclopédia que só aqui poderia existir. Encontrar uma receita de culinária de curry tailandês, saber que alguém se barricou num museu, encontrar um novo autor de novelas gráficas que ainda não se afirmou no mercado, ou ver as fotos de um amigo amador, são alguns dos meus bons encontros nos blogs.

2. A chatice
Uma outra vantagem que encontro nos blogs é a imediatez com que se processa e se faz chegar informação. De facto queimam-se etapas para se publicarem “notícias”. Não há material impresso, mas há registo, portanto, pouco se perde e muito se ganha. No entanto, a imediatez também pode ser uma grande “chatice”. Por vezes é demasiado fácil cair-se na expressão do que vai à flor da pele e aproveitar este meio para uma confissão descarada do que se andava a moer à meses, dias e anos. Neste caso, os blogs são o abrigo dos pouco corajosos que se escondem atrás de um arbusto e de vez em quando lançam mais uma lenha para a fogueira, na plena convicção que estão a construir uma discussão séria e absolutamente necessária. Pois para mim, que tenho outros interesses e objectivos que não passam por ser uma opinion maker a tempo inteiro e que tenho falta de disponibilidade para permanecer muito tempo online, e que partilho o meu quotidiano com a web apenas numa relação de 80% e 20%, preferia deixar para a web a circulação de informação e ter uma agradável discussão num sítio qualquer e desenvolver o assunto de forma mais proveitosa para ambos os lados.

Obviamente que o que fazemos do meio depende do que queremos fazer dele. Este permite muito, é imenso, mas os limites somos nós que os impomos. Eu imponho os meus para mim.

3. O comentário
O comentário feito à casa é revelador de um certo desânimo, de desconfiança e intolerância não só em relação a este projecto, mas às “coisas” em geral. Responder-lhe-ei por ter interesse em reafirmar a minha convicção inicial e pela possibilidade de transpor o comentário num post, ou seja convertê-lo em mais uma pequena informação.

Quando escrevi o último texto sobre o fecho da casa pensei que se tornassem ainda mais claros os meus objectivos com esta ideia de residência comunitária/troca de talentos e as razões que levaram ao seu encerramento. Como sempre, penso que posso ambicionar chegar, e fazer-me entender, a um grupo considerável de pessoas, mas não a todos. Existirão sempre mil maneiras de ver o que está diante de nós (chamar-se-á a isto interpretação!) mas como se sabe, a realidade (ou a verdade) é sempre a de cada um.

4. A encenação
O terceiro paragrafo é para mim o mais importante no texto, é precisamente a resposta mais pronta que lhe posso dar.
|-“Era a experimentação de um modelo que se propunha, nada de novo no contexto dos artist run spaces, das casas okupadas, das pequenas comunidades de artistas e de outros grupos. Mas era uma experiência que tinha que urgentemente ser reproduzida, sem qualquer problema de ser engolida pelo passado onde podemos reconhecer situações semelhantes a esta, porque teve desde o início um sentido próprio, inabalável, o de nos lembrar coisas simples como a partilha, a troca, a generosidade, a tolerância e a criatividade.” - |

Sem me repetir, dir-lhe-ia que a casa foi esteticamente encenada, preenchida e decorada mas não se deve confundir este artificio com a vivência da casa. O mobiliário, a pintura e cortinados pertenceram mutuamente ao necessário e ao supérfluo, ao útil e ao decorativo, porque as casas das pessoas são mesmo assim e porque nunca uma experiência teria lugar na casa se não houvessem condições para tal. Mesmo, aqui, a decoração teve a sua utilidade uma vez que tornou o ambiente confortável. A experiência que foi provocada e positivamente respondida, é o aspecto que jamais podia ser encenado nem decorado.

5. Legitimidade para fazer juízos
Obviamente que acho que é natural que alguém me diga que eu não estou a ter uma experiência real perante uma determinada situação, ainda que eu assegure que sem dúvida alguma que estou e abane a cabeça repetidas vezes com extrema convicção. A experiência de cada um tem uma validade para o próprio. Se não há acordo, não há nada a fazer, não é este o seu barco (ver mural quando estiver disponível a foto)! Eu propús uma experiência, um modelo, ao qual esperava aderência, e sei que este se tornou parte da realidade, com valor para quem lá esteve e para quem não esteve mas que se revê neste projecto. Pessoalmente considero que a missão foi cumprida.

6. O fim e a estupidez
Retomando o tema das “duração das coisas”. Tomo como uma ofensa que alguém realmente muito estúpido me diga que foi a fragilidade do projecto que o fez terminar abruptamente. Talvez o meu texto tenha sido brando demais e não o tenha esclarecido. As reais razões do fecho da casa, refiro-me às razões que importam referir e não às menores, relacionam-se com a falta de viabilidade de uma situação destas se inserir no nosso dia-a-dia e de se tornar permanente. Se calhar não foi a fragilidade mas a força do projecto que o levou ao fim. Deveria ter equacionado esta perspectiva antes de qualquer outra. Não querer ver deste lado, demonstra, à partida, má vontade.

7. O projecto e a sua larga escala
A casa envolvia muita gente, que simultaneamente eram actores e espectadores, porque todos podiam entrar na casa com um encargo e aderir a outro. Isto, enquanto foi possível, saiu fora do encenado e do previsto, foi autêntico e teve uma vida exterior a mim e a quem esteve ao meu lado na preparação da casa. Passados estes dias, o que melhor me recordo é ter saído à rua, Sábado à noite, e olhar de longe para a casa e vê-la a funcionar por si, enchendo-se pelo cruzamento e interacção das pessoas umas com as outras e com o espaço. Tudo o que eu fiz foi pegar no espaço que me foi cedido para o abrir e devolver aos outros. Fazendo uso do teatro como exemplo, tinha um palco e dei o palco ao público e disse: subam e actuem.

terça-feira, 17 de abril de 2007

AGRADECIMENTOS PELAS CONTRIBUIÇÕES PARA A CASA:

Ana Carvalho
André Sousa
António de Sousa
Carla Cruz
Catarina Carneiro de Sousa
Família Cerqueira
Isabel Ribeiro
Jorge Fernandes
José Emílio
Kim Ferno
Lia
Lígia Paz
Luís Eustáquio
Luís Ribeiro
Magenta
Marco Mendes
Mauro Bruno
Mauro Seco
Nuno Florêncio
Os Meteoritos / Calhau / Marta e Alves
Paula Lopes
Pedro Magalhães
Pedro Nora
Turma da disciplina de Projecto do C.S. Desenho da Esap-gmr
ESAP-gmr

segunda-feira, 16 de abril de 2007

O QUE FICOU POR ACONTECER NA CASA SINCERA:

Sexta-feira, dia 20.04.07
21H - @KITCHEN+LIA (JANTAR)
Convidados especiais com menu surpresa.

22H - KOMPENSAN(ACTIVIDADE)
Depois do jantar um espaço para digestões difíceis.

22.30/23.30H - CALHAU+ TACONAS (CONCERTO)
TACONAS – Banda experimental que surge da fusão de duas grandes bandas e de duas raparigas.


Sábado, dia 21.04.07
13/14H - ALMOÇO PÉ-RAPADO (ALMOÇO)+(FILME)

“De pouco se faz muito”, neste almoço será servida uma sopa e pouco mais.

16H - PARADOXAL (ENSAIO)

PARADOXAL – Paradoxalmente diferentes.

17H - STITCH’N’BITCH (ACTIVIDADE)

A partir do texto de Stella Minahan e Julie Wolfram Cox, que relaciona este movimento internacional ao cyberfeminismo. ou seja de alguma forma estes grupos organizam-se pela net, e depois encontram-se num espaço real, um terceiro espaço, fora da casa – emprego; tecem-se conversas, ou seja, tricota-se conhecimento e ao mesmo tempo relacionam a leitura dos padrões de tricô com o código binário dos computadores.

18H - RÁDIO PHONIX + SERVIÇO DE DACTILOGRAFIA (ACTIVIDADE)

RÁDIO PHONIX - Your host will be catering to listener requests. Vintage sounds, oddities and other pets will be fondled. Contributions are welcome. Radiofónix will also serve public announcements and perform useful services during the event.
SERVIÇO DE DACTILOGRAFIA - Disponível para redacções no local: desde listas de compras e preçários a notas de resgate, dedicatórias ou declarações de amor anónimas. Aceitam-se encomendas para envio postal (sob avaliação) .

19H - LABORATÓRIO DO AMOR (ACTIVIDADE)

Momento para repensar o ideia de Amor em colectivo.

20H - WORKSHOP DE AERÓBICA SINCRONIZADA (ACTIVIDADE)

Ao som das instruções do gira-discos. Dress code: 70s / lycra e leggings.

20/21H - BAMBOTTINI (JANTAR)

Cozinha Italiana explicada aos mais pequenos.

22.30/23H - FLANELA DE TAL (gótico) + KIM FERNO-[BABYMETAL] (CONCERTO)

FLANELA DE TALBanda conhecida pela honestidade das suas performances e pelos seus magnificos cenários pintados;
KIM FERNO – A primeira banda de Babymetal, que combina Christian Punk & Metal, Anti-folk, Happy Hardcore e Freestyle;

23H - MADAM MING + DJ BITCH (DJ)
MADAM MING - Música para corações apaixonados e romances atribulados;
DJ BITCH – Música all chicks. Dedicada a cabras, prostitutas, fadas do lar, e a todas as mulheres.



Domingo, dia 22.04.07

17H - BENGALEIRO FESTIVO + ONDA CHOC (ACTIVIDADE)

BENGALEIRO FESTIVO - Vestir e exibir os outros dentro de nós. Aberto meia hora antes do inicio do Festival Sincero e alguns jantares.
ONDA CHOC - “Mudasti para melhor com a maquilhagem” .

18.30H - FESTIVAL SINCERO + MAGENTA (CONCERTO)(abertas inscrições até ao momento do início do espectáculo)

FESTIVAL SINCERO – Momento único de sinceridade, aberto a participações até ao início do espectáculo.
MAGENTA – A enigmática Magenta.

20/21H - CHEFE KAHLO (JANTAR)
Com vida: Jantar mexicano em homenagem a gente com coragem de se assumir no geral e a mulheres com pêlo na venta em particular. Porque viver de verdade não é pêra doce.


Sexta-feira, dia 27.04.07

21H - CLUB DOS JOGOS SEM FRONTEIRAS (JANTAR)

Simpático contributo dos alunos de Atelier – Projecto, CSDesenho, da ESAP-Guimarães.

22H - INICIATIVA NOVAS OPORTUNIDADES – EDUCAÇÃO SEXUAL (ACTIVIDADE)
Procura dar resposta aos baixos índices de escolarização dos portugueses através da aposta na qualificação da população. No presente caso queremos qualificar sexualmente os portugueses, uma vez que a grande maioria da população não teve acesso à educação sexual através da escola.


Sábado, dia 28.04.07


13/14H - ALMOÇO BATE-CHAPAS (ALMOÇO)
“Dias de muito, vésperas de nada”, neste almoço será explicado como viver bem com o que há no frigorifico ao final do mês.

15H - FASHION TUNING (ACTIVIDADE)

Workshop de alteração de vestuário.

17H - TRASH’N’SLASH (ACTIVIDADE)

Workshop de alteração de cartazes.

18H - TROCA PATOS (ACTIVIDADE)
Workshop de alteração de sapatos.

20/21H - COME GOMAS (JANTAR)

Depois de um dia de trabalho um jantar merecido.

22H - LOOSE YOUR GOOSE (CINE PORNO)

Uma libertadora sessão de cinema porno e bitaites.


Domingo, dia 29.04.07


15H - PUBLICAÇÃO DO CATALOGO (ACTIVIDADE)

A documentação da casa realizada por todos!

20/21H - WANDA (JANTAR)


23H - ALL BANDS INVITED 
ENCERRAMENTO (CONCERTO)


A Decorrer ao longo de toda a Casa Sincera:
CORREIO DA CASA (ACTIVIDADE)
Correspondência.

AIR


(alguém deixou este momento na minha máquina, acho que é bastante representativo da sala de concertos)
A uma semana de inaugurar a Casa Sincera, e analisando agora em retrospectiva, debatia-me com dois problemas de grande escala: a pressão do tempo e a incerteza face à forma que o espaço iria tomar, algo que nunca foi muito claro desde o início sendo a relevância do projecto a minha maior preocupação. Na altura não pareciam problemas, muito menos graves, uma vez que a construção do espaço, a montagem das diferentes partes da casa, a conjugação peça a peça, aconteceu com grande naturalidade.

Havia ainda a agenda a organizar e centenas de pequenas coisas para fazer descritas em listas e mais listas. A agenda contava com a participação de mais de uma dezena de pessoas que iriam colaborar em diferentes actividades. Quando a agenda ficou fechada (e se imprimiram os flyers) eu sabia que teria que a alterar vezes sem conta para conjugar as actividades de todos e felizmente, para inserir as novas actividades que surgiram logo após a abertura. Tal como uma performer/dj e colaboradora da Casa disse, o nome era muito português, ninguém estava a acreditar que fosse “altamente”, estavam todos a desconfiar porque nada no nome remetia para o que depois se iria ver e viver no espaço. Por este motivo apareceram num piscar de olhos uma proposta de um cabeleireiro, um malabarista, uma banda gótica já com muita estima na cidade, etc. Afinal a Casa era “fixe”, mesmo com um nome destes!

Será inevitável falar agora na duração das coisas, pois é sabido que a duração é uma determinação de tudo logo à partida. A Casa duraria duas semanas, três fins de semana, preenchidos de tarde e à noite, incluídas as sextas-feiras. Teria um ritmo acelerado e depois desaparecia. Era a experimentação de um modelo que se propunha, nada de novo no contexto dos artist run spaces, das casas okupadas, das pequenas comunidades de artistas e de outros grupos. Mas era uma experiência que tinha que urgentemente ser reproduzida, sem qualquer problema de ser engolida pelo passado onde podemos reconhecer situações semelhantes a esta, porque teve desde o início um sentido próprio, inabalável, o de nos lembrar coisas simples como a partilha, a troca, a generosidade, a tolerância e a criatividade.

Esta experiência seria a renovação de algumas acções ocorridas noutros tempos e espaços (a actividade dos últimos 6 ou 7 anos na cidade do Porto, ou num contexto mais alargado, dos anos 70 e 80) mas senti a dado momento que a Casa serviria para dar resposta a uma necessidade concreta minha e dos outros à minha volta, que como eu tiveram necessidade de construir um espaço de partilha – uma residência artística comunitária. A Casa é também um teste aos nossos desejos de originar uma situação de vida melhor.

Aceitar a duração de tudo é aceitar e prever limites para tudo. As TAZ (Zonas Autónomas Temporárias) impõem à partida um trajecto limitado. Eu conhecia bem os limites da Casa e aceitei-os. Tal como as utopias quando trespassam o plano unicamente ideológico e se testam na prática encontram um fim. Várias vezes escrevi no meu caderno que tinha que acreditar na Casa e não sabia ainda bem o que estava para vir. A utilidade deste recado é que eu acreditei sem dar conta e consegui que durante um fim de semana inteiro todos acreditassem comigo na Casa. Isto porque estávamos, e eu falo por mim, em pleno estado de felicidade.

Este texto surge neste momento porque a Casa encerrará hoje. O final abrupto deixou-me chocada e sem capacidade para impedir que isso acontecesse - até porque tive que pensar bem que qualquer tentativa de manter a continuidade da Casa poderá retirar a cedência do espaço ao projecto do Laboratório das Artes. A saída total, quer desta exposição, quer do projecto, está na iminência de acontecer. A “limpeza” e a retirada irá começar entre hoje e amanhã. Depois ficará à consideração da proprietária a decisão final.

Os motivos do encerramento interessam-me relativamente pouco. A “sinceridade” na Casa nunca foi excessiva, não por constrangimentos impostos mas por escolha pessoal e individual. Cada um fez o que quis dentro do que estava mais ou menos programado e por acaso, não ocorreu nenhuma situação que pudesse pôr em causa a Casa. A Casa não foi simplesmente entendida pela proprietária, mas foi pelas largas dezenas de visitantes que passaram por lá num único fim de semana. Não condeno a proprietária pela sua visão sobre os acontecimentos. Tem esse direito.

Brevemente será disponibilizado no blog material de documentação da Casa.

domingo, 15 de abril de 2007

PROGRAMA PARA DOMINGO, 15 DE ABRIL























15H - PIC-NIC NO MONTE (lanche)
Encontro marcado no percurso do teleférico, levar toalha e sombrinha.

18H - WORKSHOP DE MÁSCARAS / MESS UP IDENTITY (ACTIVIDADE)
Para identidades fixas ou indefinidas, serão produzidas e disponibilizadas máscaras para todos os gostos. Uma boa oportunidade de mudar se estiver cansado/a de ser o mesmo todos os dias!

sexta-feira, 13 de abril de 2007

PROGRAMA PARA SÁBADO, 14 DE ABRIL























13/14H - ALMOÇO
ALMOÇO SINCERO - “Quem dá o que tem, a mais não é obrigado!”, a sinceridade de pequenos gestos na cozinha.

15H - HORA MORTA (ACTIVIDADE)
O que se faz numa hora morta? Um video, uma publicação, um bolo, um jogo…?

16H - KIM FERNO (ENSAIO)
A primeira banda de Babymetal, que combina Christian Punk & Metal, Anti-folk, Happy Hardcore e Freestyle;

17H - A FERRO QUENTE (ACTIVIDADE)
(TRAGAM A VOSSA ROUPA!)
“A Mulher para a Família, a Mulher para o Lar”: Workshop de passar a ferro.
Aproveitando o facto de Salazar ter ganho com legitimidade as eleições d’”Os Grandes Portugueses”, relembramos o papel atribuído às mulheres durante o Estado Novo: submissas e obedientes, na qualidade de ser inferior; e destinadas a serem mães, circunscritas ao trabalho no lar.


18H - RÁDIO PHONIX + SERVIÇO DE DACTILOGRAFIA (ACTIVIDADE)

RÁDIO PHONIX - Your host will be catering to listener requests. Vintage sounds, oddities and other pets will be fondled. Contributions are welcome. Radiofónix will also serve public announcements and perform useful services during the event.
SERVIÇO DE DACTILOGRAFIA - Disponível para redacções no local: desde listas de compras e preçários a notas de resgate, dedicatórias ou declarações de amor anónimas. Aceitam-se encomendas para envio postal (sob avaliação).


20/21 H - JANTAR

LE WACKY CHEF – A experiência da primeira vez.


22/23.30H - DJ BITCH + DJ YOUTUBE

DJ BITCH – Música all chicks. Dedicada a cabras, prostitutas, fadas do lar, etc;
DJ YOUTUBE – Reportório do youtube em directo.

terça-feira, 10 de abril de 2007

ABERTURA: SEXTA-FEIRA, 13 DE ABRIL!!























JANTAR - 21H
COME GOMAS - Depois de um dia de trabalho um jantar merecido.

ACTIVIDADES - 22/23H
RÁDIO PHONIX - Your host will be catering to listener requests. Vintage sounds, oddities and other pets will be fondled. Contributions are welcome. Radiofónix will also serve public announcements and perform useful services during the event.
SERVIÇO DE DACTILOGRAFIA - Disponível para redacções no local: desde listas de compras e preçários a notas de resgate, dedicatórias ou declarações de amor anónimas. Aceitam-se encomendas para envio postal (sob avaliação).

MÚSICA - 23/24H
FLANELA DE TALBanda conhecida pela honestidade das suas performances e pelos seus magnificos cenários pintados;
CALHAU - Meteoritos, concerto a retalho.


APAREÇAM!!!

segunda-feira, 2 de abril de 2007

PROGRAMA

Sexta-feira, dia 13.04.07
21H - COME GOMAS (jantar)
22/23H - RÁDIO PHONIX + SERVIÇO DE DACTILOGRAFIA (act)
23/24.00H - CALHAU + FLANELA DE TAL (concerto)

Sábado, dia 14.04.07
13/14H - ALMOÇO SINCERO (almoço)
15H - HORA MORTA (act)
16H - KIM FERNO (ensaio)
17H - A FERRO QUENTE (act)
18H - RÁDIO PHONIX + SERVIÇO DE DACTILOGRAFIA (act)
20/21H - LE WACKY CHEF (jantar)
22/23.30H - DJ BITCH + DJ YOUTUBE (dj)

Domingo, dia 15.04.07
15H - PIC NIC NO MONTE (lanche)
18H - WORKSHOP DE MÁSCARAS / MESS UP IDENTITY (act)


Sexta-feira, dia 20.04.07
21H - @KITCHEN+LIA (jantar)
22H - KOMPENSAN (act)
22.30/23.30H - CALHAU + TACONAS (concerto)

Sábado, dia 21.04.07
13/14H - ALMOÇO PÉ-RAPADO (almoço)+(filme)
16H - PARADOXAL (ensaio)
17H - STITCH’N’BITCH (act)
18H - RÁDIO PHONIX + SERVIÇO DE DACTILOGRAFIA (act)
19H - LABORATÓRIO DO AMOR (act)
20H - WORKSHOP DE AERÓBICA SINCRONIZADA (act)
20/21H - BAMBOTTINI (jantar)
22.30/23H - FLANELA DE TAL (gótico) + KIM FERNO-[BABYMETAL] (concerto)
23H - MADAM MING + DJ BITCH (dj)

Domingo, dia 22.04.07
17H - BENGALEIRO FESTIVO + ONDA CHOC (act)
18.30H - FESTIVAL SINCERO + MAGENTA (concerto)(abertas inscrições até ao momento do início do espectáculo)
20/21H - CHEFE KAHLO (jantar)


Sexta-feira, dia 27.04.07
21H - CLUB DOS JOGOS SEM FRONTEIRAS (jantar)
22H - INICIATIVA NOVAS OPORTUNIDADES – EDUCAÇÃO SEXUAL (act)

Sábado, dia 28.04.07
13/14H - ALMOÇO BATE-CHAPAS (almoço)
15H - FASHION TUNING (act)
17H - TRASH’N’SLASH (act)
18H - TROCA PATOS (act)
20/21H - COME GOMAS (jantar)
22H - LOOSE YOUR GOOSE (cine porno)

Domingo, dia 29.04.07
15H - PUBLICAÇÃO DO CATALOGO (act)
20/21H - WANDA (jantar)
23H - ALL BANDS INVITED
ENCERRAMENTO (concerto)

sexta-feira, 30 de março de 2007

Precisa-se de diversos para o Projecto do Bengaleiro Festivo!

Espelho, armários e/ou guarda-vestidos e cruzetas, fatos de festa, perucas, máscaras, etc!

terça-feira, 27 de março de 2007

Amigos participantes,

Dada a urgência de preparar com sinceridade uma casa, pedia que me enviassem propostas concretas do que querem fazer.
Nas propostas devem dizer muito sucintamente o que pretendem fazer, quando e com que duração.

Podem juntar-se tambem a outras propostas de actividades do género: se alguem tiver uma proposta que é cozinhar comigo, por mim tudo bem, acho que é uma óptima ideia! Ou então, se alguém quiser ensaiar numa tarde com uma das
bandas...ou...etc. Parasitar outras actividades é o espirito da casa!

Cada actividade proposta (workshop, atelier aberto, etc) deve ter um nome sugestivo, mesmo para quem vai cozinhar, do tipo: Chefe qualquer-coisa! Para ficar melhor no calendário!

Junto envio o calendário esboçado (nada está ainda garantido) e pedia que o abrissem num doc word e o alterassem conforme as vossas preferências de dias, tardes ou noites.

Para a apresentação de vídeos, teremos a possibilidade de pedia à escola material, mas não garanto nada.

Não há dinheiro para nada. As refeições serão o resultado do que me derem durante os dias que eu pedinchar! É claro que se alguem quiser pode dar uma ajuda com um pacote de arroz ou de massa...mas penso que não será mesmo necessário gastar dinheiro. Preferia que a troca estivesse na ordem do dia.

Ainda há actividades por fazer que me parecem muito interessantes...alguem podia fazer um curso de maquilhagem...não sei pintar os olhos ou usar base...!! ou a instalar um candeeiro...embora eu já saiba!! mas há quem tenha medo de o fazer! (ok, entrei em monologo)

Por último e por hoje de manhã -se alguem conhecer alguem que ache que valha a pena integrar, por
favor, enviem-me o email e eu entrarei em contacto com essa(s) pessoas ou expliquem vocês o que é a casa sincera de modo mais informal e peçam para que me enviem as propostas para integrar no calendário! -gostaria muito, muito de ter o calendário pronto entre terça de tarde e quarta.
BEIJOS

“A Casa é Sincera”

De 13 de Abril a 5 de Maio // Laboratório das Artes // Guimarães


A partir do convite que me foi feito pelos elementos do Laboratório das Artes para protagonizar a abertura do novo espaço, decidi retribuir a generosidade e propus-me apresentar um projecto de ocupação e dinamização temporária do espaço por 15 dias ao qual chamei “A Casa é Sincera”.

Conhecia bem o espaço anterior, a grande casa que albergou as exposições mais interessantes de Guimarães dos últimos anos e que conseguiu, enquanto foi possível, manter um bom ritmo de actividades. A energia que este grupo de jovens artistas depositou neste projecto foi recompensada através da presença crescente de um público curioso que vinha de vários pontos do País; através de notícias e críticas que foram saindo nos jornais de maior tiragem; através de artistas que sempre se disponibilizaram para apresentar o seu trabalho sem qualquer tipo de constrangimentos relativamente às condições físicas do sítio ou pela “marginalidade” do projecto; e por fim, com o reconhecimento institucional conferido com um apoio financeiro no ano passado para a organização do evento “Teleférico”.

A casa referida está neste momento fechada e abandonada e com ela se encerra um capítulo no percurso deste grupo. Penso que com o novo espaço abre-se um novo mundo de possibilidades. Seria oportuno aproveitar esta mudança para pensar em novas estratégias organizativas para um espaço cultural dedicado essencialmente às Artes Visuais - até porque, relembro, é esta a vantagem dos espaço geridos por artistas: a de puderem arriscar em voos mais altos sem receios ou pressões desnecessárias.

Pela minha experiência em espaços geridos por artistas – como membro fundador, como artista convidada, como parasitária de espaços cuja gestão é temporária ou ainda como público – considero que estes funcionam como “castelos”: transposições físicas, concretas e reais de ambições de quem os conquista e os toma como seus. No momento em que o espaço é encontrado e aquando da sua ocupação e funcionamento, corporaliza-se nele um sonho, uma vontade de mudança (consciente ou não) do contexto em que se insere. Com o passar do tempo, e por consequência das sucessivas mudanças ocorridas dentro e fora do grupo ou indivíduo dinamizador, o castelo naturalmente transfigura-se inaugurando-se um outro momento. Em todo o processo a melhor parte é acreditar o suficiente para se erigir um castelo, a pior é esquecer que um dia essa vontade existiu.

Neste sentido ocorreu-me trabalhar num projecto que tivesse na origem a vontade de partilhar, de oferecer e receber, acreditando mais uma vez num castelo e na sua revitalização.
Nos 15 dias de duração do projecto estarei em residência artística no Laboratório das Artes e durante esses dias serão promovidos diferentes eventos abertos a todos. “A casa é sincera” será uma casa cheia de participantes que formarão no seu conjunto uma comunidade de troca sincera.

A ocupação temporária do espaço nestes moldes, apresentar-se-á como uma alternativa ao previsível funcionamento de um espaço independente gerido por jovens artistas no nosso contexto local actual.
No entanto gostaria que este fosse entendido, não como um gesto condescendente para com o Laboratório das Artes, mas como uma experiência que é em primeiro lugar pessoal e que se insere dentro de um percurso individual.

Este projecto tem como precedentes:
- todos os espaços referidos como alternativos nos quais apresentei o meu trabalho (Salão Olímpico, ZDB),
- espaços que colectivamente geri e partilhei (Caldeira 213),
- os grupos que ajudei a fundar (Zoina, Ateliers Mentol, Traste, Colectivo Alingua) e as actividades desses mesmos grupos (Ceias dos Ateliers Mentol, Satélite Internacional),
- os projectos colaborativos pontuais (Projecto Arco-Irís),
- o evento Festival Sincero (festival de música e variedades),
- os workshops que orientei,
- a minha actividade como docente (da qual faz parte essencial a partilha),
- os fanzines que fiz e outros nos quais colaborei,
- todo o espírito DIY,
- todo o sentido de comunidade que é parte integrante da minha forma de viver,
- os princípios básicos da “Há Aí Uma Certa Tendência” da honestidade e sinceridade que adoptei,
- e por último, no que acredito ser uma urgente necessidade pessoal, em sintonia com diversos exemplos de reunião temporária.


Descrição
O espaço tem dois andares: no segundo andar existirá uma cozinha onde serão servidas e preparadas refeições, estas serão gratuitas e funcionará como uma cantina às horas habituais de almoço e jantar em dias a definir, neste andar também funcionarão os ateliers/workshops; no primeiro andar, estará um palco preparado para concertos, ensaios, experiências musicais e outras manifestações performativas. Em simultâneo funcionará o meu atelier visitável a qualquer momento.

PROCURO QUEM ME OFEREÇA ALIMENTOS PARA UMA EXPOSIÇÃO/PROJECTO

PROCURO QUEM ME OFEREÇA ARMÁRIOS USADOS PARA UMA EXPOSIÇÃO/PROJECTO